domingo, 4 de dezembro de 2011

Sobre vida e morte

Nota: Não estou aqui para dizer ou desdizer as crenças de ninguém, nem para julgar um ou outro e nem para agradar a maioria, portanto gostaria de pedir que, se você não quer uma opinião forte e que possa ser contraditória a sua, pare por aqui! Se quiser continuar, vamos ao que de fato vim aqui escrever hoje.




Muitos dizem que a morte é cruel, eu acho ela tão intocável, neutra, simples. A única sensação que ela me trás é a de inutilidade.
Lágrimas rolam o rosto por mero egoismo humano. A dor, o sofrimento, o choro... tudo isso é puro egoismo. Somos tão egoístas que não pensamos em como a alma daquela pessoa seguirá, pensamos apenas na falta que ela fará, em como vamos fazer para reorganizar nossas vidas, no que temos que mudar para conseguirmos viver sem aquela pessoa. E pra quem quiser fazer papel de santo ou me criticar aqui fica a resposta: sim eu também chorei quando perdi minha mãe, eu também fui egoísta querendo que toda a atenção viesse pra mim, eu também achei que minha dor era a maior do mundo e que ninguém conseguiria me consolar, eu também briguei com Deus e deixei de acreditar.

É tudo tão frio, tão calculista, tão sem sentimento. Acender as velas ao lado de um caixão com corpo pálido, sem vida, já sem alma. Um ritual necessário apenas para nós que continuamos vivos, somente para nosso conforto de ficar um pouco mais ao lado aquele que se foi: egoismo puro, de todos nós seres humanos muitas vezes mesquinhos, que acreditamos que ali poderemos pedir perdão por tudo o que fizemos, poderemos lembrar apenas dos momentos bons, e fingir impropriamente que os ruins, as brigas, as magoas nunca existiram.

Somos egoístas enquanto vivos para aquele que já morreram e somo egoístas na hora da morte para aqueles que ficam. Sim, somos egoístas enquanto vivos porque não queremos que chorem em nosso momento fúnebre. Não queremos que as pessoas exponham o sentimento que tinham por nós e queremos que elas levem como lembranças de sua alma para uma outra vida todos os momentos agradáveis apenas, sem magoas, sem remorso.

Tão humano tudo isso e nada divino ....Apenas o aperfeiçoamento de um costume que se originou na Idade Média, na Europa, quando os copos e pratos eram feitos de estanho. A mistura de bebida alcoólica com o óxido de estanho causava uma espécie de narcolepsia. Quando um cadáver era encontrado, era deixado sobre uma mesa por alguns dias, para se ter certeza de que estava realmente morto. E ali era observado para ver se não acordava pro conta da bebida.

Nada vejo eu de crueldade na morte, vejo isso em nós vivos, nós que ficamos, ou que pensamos em partir. Na famosa frase: "porque não eu?" e porque sempre achamos que seria mais fácil se fossemos primeiro? Porque achamos que aquele que morreu ficaria mais feliz se fossemos nós? Porque a insistência inútil de querer mudar o cronograma da vida? Porque a descrença em Deus em todos os momentos como esse ??

O que oferecemos pra alma daquele que se vai além de lágrimas e perjúrios???

Doí sim, e dizer que não é a mais infinita mentira. Mas não seria muito mais saudável a todos ( os vivos e o morto) tratar como um momento de paz, apenas a despedida para uma viagem longínqua ?? Nos encontraremos ainda em tantas outras vidas, em tantas outras dimensões, em tantas outras caminhadas.

Aqui peço com egoísmo sincero, mas com desejo de paz, quando eu morrer, deixem uma moeda no meu caixão, quem sabe eu precise para atravessar a barca, pra todo caso, mesmo eu não sendo católica, talvez um terço também caia bem, nunca se sabe o que vou encontrar do outro lado. Não coloquem a minha tequila como eu queria, o álcool pode afetar que os vermes comam meu corpo, e o processo pode durar mais do que o necessário, isso seria fazer a carne do meu corpo sofrer mais para apodrecer. Chorem a vontade, mas não tanto que minha alma só leve lágrimas embora, riam também, fará bem para os músculos do seu rosto e para as nuances da minha alma. Se forem me jogar flores no caixão, tirem os plásticos, eles demoram para se decompor!! Se puderem, e se até lá eu ainda gostar da coisa, coloquem alguém tocando atabaque ao invés de um padre rezando, te garanto que isso me guiará muito melhor, se eu não gostar mais da coisa, coloquem uma musiquinha gostosa de se ouvir, quem sabe um MPB, Bossa Nova ou até um Blues, isso vai me fazer escuta menos a choradeira. Não pensem em mim como a pessoa perfeita, pois tive muitos erros, mas também não pensem como alguém ruim, pois eu ajudei muita gente, acertei muitas vezes, deu meu braço quando precisaram, e nunca parei de lutar em prol do que acho certo, e a fama de bruta e mal educada é só para aqueles que insistem em ser de uma forma ou outra desagradáveis.

Que a mãe que ontem deixou filhos e netos desamparados, tenha seu caminho guiado pelas mãos dividas, que os que puderem ajuda-la estejam ao seu lado. Que ela acredite muito em Deus, e peça para ele que mostre o caminho que ela tem a seguir. Que as lágrimas que rolam pelo rosto de muitos sejam enxugadas por todos aqueles que tem bom coração e tragam paz consigo, independente de vivos ou mortos. E finalmente que a o amor esteja com todos nós encarnados e desencarnados!

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