terça-feira, 5 de outubro de 2010

Em cima do balcão



Foi em cima dele que começou.
E provavelmente também ali se esgotou.

Naquele momento, o do inicio, no misto de vergonha e desejo, entre atração e repulsa, perdida entre a tentação e o moralismo ... foi naquele momento que tive coragem.

Atravessei, até então, uma nova barreira. E me lembro perfeitamente como ocorreu.

No inicio de salto alto. Era o salto que mantinha minha pose.

Entre tantas outras mulheres que já haviam tido tal experiencia, naquele momento me sentia unica.

A sensualidade começava a tomar conta de meu corpo, e já nem ligava mais para meus falsos moralismos, queria sentir, queria aprender, queria tentar, queria nascer...

Na verdade acredito que só queria ser observada, pedia notóriamente, atraves de movimentos suaves com o corpo, que fosse observada.

Parecia que não havia nada ali, além do balcão e da música.

Ah a música... ela me embriagava, tomava conta de meus pensamentos, e fazia meu corpo involuntariamente seguir suas batidas.

Era um grito. Meu grito. Contra tudo e contra todos. A meu favor.

Nesse momento, já pouco me importava quem me olhava ou não, eu mesma já não conseguia me observar, só sentia.

Não me importava com quem estava em baixo.

Ou se precisavam olhar para cima para poder me enxergar.

Toda silhueta fica mais bonita olhando desse ângulo.

Sentia toda aquela  vibração, passando por cada pedaço de meu corpo e pensamentos.

O salto? Ah.. esse já nem sei onde estavam ... os pés descalsos em cima do balcão.

E as luzes, cada vez mais paradoxais. Mostravam meus pés descalsos.

As pernas já se moviam sozinhas, sem comandos, afinal não queriam saber de obedecer comandos.

A cintura e os quadris mais soltos que nunca.

E o cabelo livre, jogava toda a sua sensualidade.

E foi assim.. meio em êxtase, que tive minha primeira vez em cima do balcão.

O corpo molhado.

As pernas tremulas.

O coração acelerado.

A boca seca.

O sangue correndo, quente, entre as veias.

Intenso.

As outras, cada vez mais orgastiscas, cada vez mais soltas, cada vez mais perpetuantes.

Morangos apareceram certa vez... Em outra já vieram acompanhados de leite condensado, com a cabeça debruçada em cima do balcão, e a mente aberta para cada nova sensação.

Sobre o balcão e abaixo de mim, também já teve fogo. Pirofagia praticamente. E medo.



Hoje não mais, não sei explicar porque, me coloco sobre ele.

Certa época, eramos amigos intimos.

Ele sempre submisso, me permitindo ficar em cima dele, me mechendo da forma que quisesse, pisando-o. Sem nunca reclamar.

Via minhas partes mais intimas. Tinha meus sentimentos mais intensos.

Mas me distanciei. E dei espaço para outras mulheres.

Achei injusto querer somente para mim aquela sensação.

Seria egoismo não dividir aquele ser submisso que gostava de ver os movimentos do meu quadril sem dizer uma unica palavra.

Hoje me lembro com saudades do salto alto em cima da geladeira de cerveja. Do garçon que me servia morangos com leite condensado. Da batida da música que levava meu corpo.

Sinto saudades do balcão...




Que mulher nunca dançou em cima de um balcão???




Um comentário:

amandinha disse...

Nussa, Zaniba! Que excitante!!!
EU nunca dancei em cima de um balcão... Quanta atitude!!!
Tá na hora de me deixar levar pela música e pela contradição das luzes, né...
Admiro demais vc, gataa!!!!